segunda-feira, 28 de março de 2011

Manifesto Nômade



Liberte-se do átomo. Não tenho muita certeza quanto ao Negroponte, mas uma ele deu dentro: entre o átomo e o bit, fique com o bit. Trabalhe com a mente, não com a mão, e que o fruto do seu trabalho seja digital.

Liberte-se da corporação. “Patrão” e “empregado” são palavras que não têm mais sentido, assim como “senhor” e “escravo”. Trate as corporações de igual pra igual, com cuidado! – pois são feras poderosas. Dê a elas uma dose do seu próprio veneno: a oferta e a procura. Cobre sem dó.

Liberte-se do tempo e do espaço. Pra que acordar de manhã e bocejar em uníssono com o resto da cidade? Pra que enfrentar congestionamentos só para se deslocar até um cubículo odioso cuja única função é te colocar sob a vigilância de bedéis e babás? Faça o seu trabalho fluir através dos fios.

Trabalhe nu.

Arranje ferramentas para o seu cérebro. Outro paradigma: esqueça caixotes estacionários, pense em portáteis baratos e versáteis enfiados numa mochila.

Se tiverem a aparência de uma bolha colorida e translúcida, melhor. Se a velha-guarda der risada, deixe. Lembre-se que caixotinhos bege combinam com isórias bege, carpetes cinza, luzes fluorescentes e almoço das 12:00 às 12:30. Você pode escolher: é por isso que dreadlocks serão o símbolo de status do futuro.

Por enquanto você ainda vai estar preso: a fios de telefone e ethernet; à área de cobertura do seu celular. Mas fique esperto: daqui a vinte minutos o céu vai se coalhar de satélites e você vai poder sair correndo pra praia.

Arme-se! Os monolitos do poder não verão com bons olhos esses bandos de freaks correndo por aí, vivendo de produção intelectual pura, cagando pras regras do passado industrial. Fique ligado em criptografia, em redes de contatos e nos caminhos da economia.

A época é de transformação. Caos e oportunidade. É a nova fronteira – laptops estão para os anos 00 assim como os clássicos Colts de 6 tiros estão para o Velho Oeste.

Tom-B,2001.

domingo, 27 de março de 2011

Espirito Livre



Se nascemos para a independência e o mando, é necessário prová-lo a nós mesmos e é preciso fazê-lo em momento oportuno. Não devemos querer evitar essa prova, embora possa representar o jogo mais perigoso que tenhamos que jogar e que se trate finalmente de provas das quais somos as únicas testemunhas e das quais ninguém mais é o juiz. Não se apegar a nenhuma pessoa fosse ela a mais cara – toda pessoas é uma prisão e também um esconderijo. Não ficar ligado a uma pátria, ainda que seja a mais sofrida e a mais fraca – é menos difícil desligar o coração de uma pátria vitoriosa. Não se deixar prender por um sentimento de compaixão, ainda que seja em favor de homens superiores,, cujo o martírio e isolamento o acaso nos teria levado a penetrar. Não se apegar a uma ciência, ainda que nos aparecesse sob o aspecto mais sedutor, com descobertas preciosas que parecessem reservadas para nós.(...) É necessário saber se conservar. É a melhor prova de independência.

Nietzsche. Pag 56, Além do bem e do mal.

sábado, 26 de março de 2011

No horizonte dobrou a esquina.



O nômade está dentro do Império, mas não compactua com ele. Ele circula e se relaciona com os agentes do Império, mas sempre procurando as fissuras dentro sistema a fim de aumentar as rachaduras e fazer tudo quebrar. Ele não faz um combate frontal com o inimigo, pois sabe que isso é gastar energia em vão. O nômade olha na diagonal, desvia o jogo e subverte-lhe o sentido. Em contra-partida, busca realizar agenciamentos com a resistência e construir territórios alternativos, onde o Império não possua o controle. Cria novos desejos e novas práticas onde a tônica não seja o valor de troca, mas o valor de uso. O Nômade é sempre o mesmo e sempre em mudança, ressiginificando suas práticas, olhando sobre novos pontos de vistas, dando espaço para o novo , a fruição e novas formas de ser. Ele sabe que não é prática revolucionária e sim processo. Quando percebe que o seu andar está muito repetitivo, que não consegue ver além das mesmas palmeiras e das mesmas montanhas, busca uma linha de fuga e procura novos ares. Sabe que sua capacidade de esquecer é mais importante do que a de lembrar, pois não dá para encher um copo vazio, nem inventar um novo mundo sem abandonar o antigo. Segue solitário e atento aos perigos do deserto. Aves de rapina observam-no e a morte aguarda na próxima esquina. A tempestade de areia assusta os desavisados, mas o nômade segue em frente. Ele sabe onde encontrar a água, abrigo e afeto. Após a montanha existe um tribo e ele ficará por lá durante um tempo. Eles produzem novas coordenadas de enunciação que o nosso amigo não conhecia, da mesma forma que o nômade também possue práticas que essa tribo não conhece. Eles cambiam. O Nômade fica por alí, encontrou aguá e afeto, mas sabe que quando a monotonia chegar é a hora dele partir.O nômade, a exemplo do esquizo, é o desterritorializado por excelência, aquele que foge e faz tudo fugir. Ele faz da própria desterritorialização um território subjetivo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Conexão com Slow da BF

Em junho de 2010, o programa recebeu a presença Slow da BF, rapper, cineasta e participante de diversos projetos e movimentos. Nesse trecho Slow fala de sua entrada na Zulu Nation e dá uma aula sobre a história do Hip Hop. Confira. 17min.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Conexão com Heraldo HB

Em abril de 2010, o convidado do programa foi Heraldo HB, cineasta, escritor e agitador cultural de Duque de Caxias. Esse trecho tem poesia concreta, rádio Quarup FM e Mate com Angu. Imperdível. 16 min.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Nietzche e Juventude

Durante os anos da juventude, se venera ou se despreza ainda sem essa arte da nuance que constitui o melhor benefício da vida e, mais tarde, é natural que se pague muito caro por ter assim julgado coisas e pessoas por um sim e por um não. Tudo é disposto de forma que o pior gosto, o gosto do absoluto, seja cruelmente burlado  e profanado até que o homem aprenda a colocar um pouco de arte em seus sentimentos e que, em suas tentativas, dê preferência ao artificial, como fazem todos os verdadeiros artistas da vida. A inclinação à cólera e o instinto de veneração, que são próprios da juventude, não parecem repousar até que tenha desfigurado homens e coisas, para poder assim desafogar. A juventude em si já é alguma coisa que engana e falsifica. Mais tarde, quando a alma jovem, torturada por mil desilusões, se encontra finalmente cheia de suspeitas contra si mesma, ainda ardida e selvagem, mesmo em suas suspeitas e remorsos, como haverá de entrar em cólera contra si mesma, como haverá de dilacerar com impaciência, como a haverá de se vingar de sua longa cegueira, que se poderia julgar voluntária, tanto se enfurece contra ela! Nesse período de transição, o homem pune a si mesmo, por desconfiança de seus próprios sentimentos; martiriza seu entusiasmo pela dúvida, a boa consciência já aparece como um perigo, a ponto que se poderia acreditar que o eu está irritado com isso e que uma sinceridade mais sutil se cansa com isso; e sobretudo, toma partido, por princípio, contra a “juventude”. Dez anos mais tarde se dá conta que isso também não foi senão juventude.

Nietzche, Além do bem e do mal, pag.48.

terça-feira, 8 de março de 2011

Conexão com Fábio Pereira

Em maio de 2010, bati um papo com Fábio Pereira, professor, cineasta e ativista de movimentos sociais. Nesse trecho começamos falando sobre democratização das comunicações e saimos no twitter. Confira. 15 min.